Nunca vi um saco de dinheiro ganhar jogos

A AD Sanjoanense é uma das oito equipas que vai lutar pela subida de divisão na Liga 3. O conjunto de São João da Madeira somou nove vitórias, nove empates e quatro derrotas na fase regular, contabilizando 36 pontos, suficientes para marcar presença na fase de todas as decisões. António Barbosa entrou a meio caminho, depois da saída de Tiago Moutinho, já com a equipa em fase de subida, e partiu para uma jornada de sucesso, que culminou com o 3.º lugar na Série A. Agora vai medir forças com o Amora, o Belenenses e o Länk Vilaverdense.

ZZ: Esta é a segunda edição da Liga 3, a primeira em que o mister participa. Qual a sua opinião sobre a prova?

António Barbosa (AB): A reformulação feita pela Federação ajudou muito, porque aproxima os clubes e os jogadores do que é uma Segunda Liga e até mesmo de uma Primeira. Há muito mais informação e isso também ajuda na preparação dos jogos. Em comparação com o Campeonato de Portugal, a diminuição do número de equipas veio aumentar a qualidade e competitividade. A entrada das SAD’s nos clubes também veio permitir a contratação de jogadores e treinadores profissionais.

ZZ: Como foi o trajeto do AD Sanjoanense até chegar ao ‘play-off’ de subida à Segunda Liga, tendo em conta que o António só assumiu a equipa à 13.ª jornada?

AB: O Tiago tinha feito um trabalho muito positivo. É importante dizer que quando chegámos a equipa já estava em zona de play-off e aproveitamos muito do bom que tinha sido feito. Nós ajudamos a melhorar alguns aspetos em função das nossas convicções. Depois é muito da qualidade técnica dos jogadores, que são inteligentes e aprendem rápido. Fruto da dedicação e concentração dos jogadores, conseguimos marcar mais e sofrer menos golos. Para haver sucesso são precisos três pilares: Direção estável, conjunto de jogadores disponíveis para ajudar e uma equipa técnica que trabalha diariamente com muita intensidade para criar soluções. Esta tem sido a marca da AD Sanjoanense nos últimos jogos.

ZZ: O que espera desta fase de subida? Amora, Belenenses e Länk Vilaverdense serão os adversários.

AB: Percebemos que há clubes que fizeram investimentos muito altos e percebemos que esses investimentos podem trazer pressão maior para este ou outro clube. Não nos incluímos nisso. Mas, atenção, tivemos um investimento bastante positivo e estamos gratos com o que temos. A responsabilidade é a mesma e se for preciso vamos correr o dobro ou o triplo. Todos estão no mesmo ponto de partida. Nunca vi um saco de dinheiro ganhar jogos. O que ganha é o querer, atitude e determinação. Acreditamos que os nossos jogadores estão determinados a ganhar os jogos. Em relação aos adversários, o Amora procurava chegar a esta fase há alguns anos; o Belenenses tem investido de forma sucessiva e subiu a velocidade TGV, com muito mérito e competência; e um Vilaverdense que tem excelentes jogadores e um bom treinador.

ZZ: Em termos de preparação da equipa, o que muda para esta fase?

AB: Acredito que algo possa ser alterado. Este modelo a seis jogos promove claramente a capacidade de todas as equipas disputarem a subida e ajuda treinadores e jogadores a desenvolverem as suas capacidades. Todos os três pontos são muito importantes e todos os jogos são fundamentais. Acredito que tudo será resolvido na última jornada. A nível pessoal, é o 4.º play-off de subida em que estou envolvido.

ZZ: Qual a mensagem para os adeptos?

AB: O sonho está muito enraizado nos jovens adeptos. Lembro-me de no primeiro jogo em casa, um dos meninos da nossa formação disse-me: mister, você veio para aqui e vamos juntos até à segunda liga. A primeira vez que falei com o representante da claque ele disse-me o mesmo. Há uma crença muito grande de que é possível que a AD Sanjoanense pode ser tudo aquilo que eles acreditam e que podemos sonhar todos juntos. Temos de lutar por eles. Sabemos que todas as equipas querem o mesmo, nós temos de nos agarrar ao sonho, trabalho e dedicação.

Entrevista retirada do zerozero.pt