Apesar da natural desilusão pelo desaire, Flávio das Neves foi taxativo na análise à deslocação a Anadia, realçando a exibição positiva da Sanjoanense e não se coibindo de abordar os temas quentes e as decisões polémicas de um jogo equilibrado mas com resultado injusto.
Com o objetivo da manutenção bem presente, o técnico garante confiança inabalável e antevê um grupo preparada e motivada para os últimos dois desafios desta primeira fase do Campeonato de Portugal Prio.
Sobre o jogo: É um rude golpe nas nossas aspirações mas eu e os meus jogadores só temos que nos focar no trabalho que fizemos. E o que mostrámos em Anadia foi um grande trabalho de equipa! Eu preparei a equipa para jogar para ganhar e dominámos o adversário, um concorrente direto que precisava de ganhar, durante todo o jogo! Fomos sempre superiores, dominámos, tivemos mais oportunidades de golo e o Anadia foi duas vezes à nossa baliza e conseguiu marcar dois golos… Foi um mau resultado mas estou muito orgulhoso dos meus jogadores.
E convém salientar que existem fatores que nem eu nem os jogadores conseguimos controlar… Nós marcámos um golo limpo aos 92 minutos e o árbitro anulou-o… A bola entrou, não houve nada que justificasse uma decisão que nos tirou um ponto e deu dois ao Anadia. Se o golo fosse validado, como devia, continuaríamos no segundo lugar… Para além disso, houve uma grande diferença de tratamento, por parte do árbitro, para com os nossos jogadores e os do Anadia e ao intervalo tinham sido já assinaladas 14 faltas contra nós e apenas 5 a favor. E, mais tarde, para além do golo anulado, há o lance do penalty sobre o Ruben, que é de bradar aos céus! Aos 80 minutos, em frente ao auxiliar… A equipa estava a criar oportunidades, a pressionar e teve um penalty claro por marcar e um golo mal anulado… Por isso, só posso estar orgulhosos dos meus jogadores!
Confusão e expulsões: Foi a segunda expulsão da minha carreira, curiosamente. Nunca fui expulso enquanto atleta e esta foi a segunda vez como treinador, exatamente nas mesmas circunstâncias que a primeira, com o meu filho ao lado… Foi assim em Viseu, num jogo escandaloso, e agora em Anadia. Não falei para o árbitro, apenas para o treinador adversário e acabei expulso, à semelhança do Ruben.
Ao intervalo já não estava a gostar da arbitragem e, na altura, estávamos ainda empatados. Dirigi-me ao árbitro, pedi-lhe um critério mais uniforme e o treinador adversário disse-me para ver o vídeo do jogo. Na altura perguntei-lhe, com alguma ironia, se já o tinha visto, uma vez que estava no banco e, mais tarde, no lance do golo anulado, voltei a dirigir-me a ele e disse-lhe para não se esquecer de rever o lance. Não falei para o árbitro, tentei manter a calma apesar da desilusão mas acabei expulso porque pensaram que estava a falar para o auxiliar, que estava no meio de nós… Nisto, o Ruben aproximou-se e disse-me para ter calma. Lembrou que ainda faltavam alguns minutos e referiu o penalty não assinalado anteriormente. De seguida, recebeu também ordem de expulsão… Não foi incorreto em nenhum momento e tanto eu como quem estava perto do banco pode comprová-lo. E se há jogador com quem sou rigoroso, é com ele. Não é agressivo a jogar e não admitiria que viesse para a rua por palavras…
Recuperação: Temos que fazer ver aos jogadores que foram melhores, que fizeram um grande jogo e que a derrota foi totalmente injusta. E continuar a trabalhar para que possamos, mais tarde ou mais cedo, conquistar os nossos objetivos. O objetivo passa pela manutenção e gostaríamos de a garantir já em janeiro. Mas o que me foi pedido foi que nos mantivéssemos e, se não for em janeiro, estou certo que o iremos conseguir em maio. O que interessa agora, mais do que estar preocupado com resultado dos nossos adversários diretos, é garantir que fazemos o melhor resultado para as nossas aspirações e o que pretendemos, já na próxima semana, é a vitória, para que possamos amealhar o maior número de pontos possível.