Vitória recheada de classe e bom futebol

  • Sanjoanense foi claramente superior e ao intervalo já vencia pela diferença de dois golos.
  • Vitória garante primeira série de dois triunfos consecutivos desta temporada.

Foi uma Sanjoanense com processos interiorizados e um futebol muito harmonioso, aquela que se apresentou em Cesar, em jogo da 14ª jornada da Série D do Campeonato de Portugal Prio (CPP).

No derby da semana, que antecedia a interrupção competitiva referente à época natalícia, a prenda não podia ter sido melhor e os adeptos que se deslocaram ao Mergulhão acabaram brindados com a prestação mais conseguida até este momento da temporada.

Ainda assim, foi o Cesarense quem dispôs das primeiras oportunidades flagrantes para inaugurar o marcador, já depois de uma primeira ameaça de Pardal, mas Bruno Silva, por duas vezes, não conseguiu dar o melhor seguimento às ocasiões criadas. Aos 17’, após passe longo de Lunácio Gomes, o avançado passou por Diogo mas, com a baliza à mercê, atirou por cima e dois minutos depois, servido por Pedro Rodrigues, viu o guarda-redes alvinegro negar-lhe o golo com uma excelente intervenção.

Os calafrios acordaram a Sanjoanense e a resposta não podia ter sido mais eficaz. Com 22’ jogados, Ruben Alves conduziu a bola até perto da grande área e, com um remate excecional, fê-la sobrevoar Bruno Pinto, dando vantagem à formação alvinegra naquele que foi o momento da tarde.

Motivados pelo golo, os comandados de Flávio das Neves mostravam muita segurança e capacidade de controlo do jogo e, à passagem da meia hora, podiam ter ampliado a vantagem mas Ronan, primeiro, e Ruben Neves, na recarga, não conseguiram desfeitear Bruno Pinto e a barreira de adversários que se formou em frente à baliza contrária.

Com muita vontade, os homens de São João da Madeira não tiravam o pé do acelerador e acabariam por chegar ao 2-0 já bem perto do intervalo, na sequência de uma bela jogada de envolvimento atacante que culminou com um cabeceamento certeiro de Ronan, após cruzamento de letra do endiabrado Ruben Alves.

A vantagem ao intervalo justificava-se em pleno e a confirmação do domínio chegou logo no início da segunda parte, que começou da mesma forma que terminara a primeira. Após investida pelo lado direito do ataque, Pardal cruzou e assistiu Catarino que, depois de tirar um defesa contrário do caminho, aumentou a vantagem com um remate bastante colocado.

Escasso de argumentos, o Cesarense só aos 52′ voltou a dar um ar da sua graça e, mesmo assim, recorrendo à longa distância, com um remate de Bruno Costa que passou ligeiramente acima da baliza à guarda de Diogo.

Pouco depois, foi a Sanjoanense quem esteve perto de dar contornos de goleada ao resultado, num cruzamento de Pardal que, por pouco, não originou um autogolo.

A larga vantagem transmitia tranquilidade à Sanjoanense, que geria os destinos do encontro a seu belo prazer e colocava um travão às investidas da formação de Cesar que, exceção feita a uma bela mancha de Diogo, a evitar o golo a Leonardo Cá, não mais o conseguiu criar perigo.

Com este triunfo, o segundo consecutivo, a Sanjoanense estabelece a melhor marca da temporada no que a jogos do CPP diz respeito e regressa ao quarto lugar, por troca com o Lusitânia de Lourosa, mantendo-se a um ponto de Lusitano e Anadia, segundo e terceiro classificados, respetivamente.

Declarações de Flávio das Neves

Flávio, uma vitória claríssima da Sanjoanense num terreno que se sabia difícil. É justo dizer que esta foi a melhor exibição até este momento da temporada?

Não posso falar daquilo que está para trás mas é evidente que, dos quatro jogos que já realizamos, este foi o mais bem conseguido, apesar de nos restantes já termos dado uma boa resposta, ainda que com resultados não tão claros. Lembro que em Estarreja, no pouco tempo que se jogou, criámos oito oportunidades de golo e não conseguimos vencer e o mesmo aconteceu em casa com o Oliveira de Frades, num jogo em que só nos faltou fazer o golo. Já o jogo em Bustelo foi extraordinário porque jogámos durante muito tempo com dez e dominámos de princípio ao fim e neste a qualidade da exibição é ainda reforçada pelo resultado final.

Apesar disso, não entrámos bem no jogo e, nos primeiros dez minutos, demorámos a ajustar-nos às marcações e à maneira de jogar do Cesarense, que joga num modelo tático difícil de encaixar, num 4-4-2 com avançados abertos e muita gente no meio. A equipa não entrou bem, andou dez minutos “às apalpadelas” mas acabou por ajustar-se e, a partir daí, partiu para uma exibição espetacular, coroada com três excelentes golos. Na parte final gerimos o resultado, com os três pontos praticamente salvaguardados, e conquistámos uma vitória que nos pode dar muito alento para o futuro.

Foi a primeira vez que esta equipa venceu dois jogos seguidos para o campeonato e este pode ser o clique necessário para que consigamos estar a bom nível nos últimos quatro jogos desta fase. Estamos a um ponto do segundo lugar e, como já disse, o que me foi pedido foi que mantivéssemos a equipa no CPP. É isso que vamos tentar fazer, sabendo de antemão que o segundo lugar nos garante a manutenção, independentemente do que aconteça na segunda fase. Agora temos dois jogos cruciais, contra o Lusitano, em casa, e o Anadia, fora, que podem decidir o nosso futuro. De qualquer forma estamos a garantir, também, os pontos necessários para que, caso não consigamos o segundo lugar, possamos encarar a segunda fase com mais tranquilidade.

Esta vitória, como disse, pode dar muito alento à equipa. Isso permite encarar os jogos diante do Lusitano e Anadia, dois adversários diretos, com mais tranquilidade…

Sim, sabemos que dependemos só de nós e que, caso consigamos vencer os dois jogos, ficamos em segundo lugar com apenas mais dois para disputar. Mas só podemos pensar num jogo de cada vez. O próximo é o Lusitano, se vencermos ficamos dois pontos à frente e com vantagem no confronto direto. São uma excelente equipa, trocaram de treinador recentemente e vêm de três vitórias consecutivas. Sempre disse que são uma das melhores equipas do campeonato, os jogadores estão moralizados, motivados, e vai ser um jogo praticamente decisivo para ambas as partes. Espero que estejamos preparados mas, nesta altura, estamos em semana do Natal, não há jogos e o mais importante, que era a vitória no último domingo, foi conseguido. A partir de agora vamos desfrutar com as famílias, a equipa vai ter três dias de descanso e a partir de sábado regressamos ao trabalho, a pensar seriamente no jogo com o Lusitano. Tudo isto numa semana de Passagem de Ano, com questões que têm que estar sempre na nossa cabeça. Se queremos o segundo lugar teremos que nos resguardar e fazer de tudo para que, do ponto de vista físico, consigamos chegar ao jogo com o Lusitano na plena posse das nossas capacidades. Muito se vai decidir entre dia 3 e dia 10 de janeiro e temos que ser profissionais para perceber que só assim poderemos atingir os nossos objetivos.

Falaste agora da paragem competitiva, num contexto em que tudo tem que ser tido em conta e repleto de jogos decisivos. Numa altura em que a Sanjoanense está bem e na melhor fase da época, isso possa servir de travão ao bom momento?

Pode ser como pode não ser. Já falei com os atletas para fazer antevisão a estes dias. Repito: é semana de Natal e Passagem de Ano, com muitas festas e temos uma equipa jovem. Mas o trabalho da equipa técnica vai incidir nisso. Queremos que os jogadores tenham muito cuidado porque sofreram muito desde julho e, agora, devem fazer o esforço e ter na cabeça que os sacrifícios irão valer a pena.