Figura incontornável da Associação Desportiva Sanjoanense, Pedro Justo mistura, em si, o trabalho, a seriedade e a dedicação com enormes níveis de alegria e companheirismo.
Natural de Cesar, o guarda-redes de 31 anos não esconde o amor pela Sanjoanense e, na sexta época nos seniores do clube, lembrou o dia em que defrontou a Sanjoanense e perfilou, na entrada para o campo, atrás das camisolas… pretas!
Homem influente no balneário alvinegro, o capitão não faltou à chamada e, ao nosso site, falou da importância da formação do clube, da vivência de um balneário “enorme” e das expectativas em torno de uma equipa que não perde há 11 jogos.
Sentes que aposta nos atletas jovens permite a construção de bases para que vinguem no futebol e se assumam nos primeiros anos de seniores?
Claro que sim, sem dúvida nenhuma. Temos visto isso este ano e vimos, também, no ano passado, com o lançamento de alguns jogadores provenientes da formação. Mas este ano já vimos com mais regularidade. Houve uma altura da época em que foram chamados com bastante frequência e, inclusivamente, foram apostas para a equipa titular.
E os que neste momento estão no plantel sénior são importantíssimos, até para que o próprio clube perceba que tem que apostar cada vez mais na formação. Só assim se conseguem rentabilizar os ativos jovens e fazer com que as apostas futuras permitam que o clube se auto-sustente, lançando novas promessas, algo que sempre foi uma bandeira da Sanjoanense.
Apesar de maioritariamente jovem, o plantel da Sanjoanense é composto, também, por um conjunto mais curto de jogadores de elevada experiência, no qual te inseres. Que conselhos tentas transmitir enquanto capitão e um dos jogadores mais velhos da equipa?
A minha função, nesse caso, divide-se em duas questões importantíssimas. A primeira refere-se ao processo de integração, que passa pelo acolhimento dos miúdos por parte de homens mais vividos e com outro tipo de experiências. Eles chegam cá tímidos e acanhados e a nossa intenção é facilitar esse processo de adaptação. A segunda vertente tem a ver com o crescimento enquanto jogador. Procuro passar a experiência passada no futebol, dando algumas “ripeiradas” para que eles possam crescer com humildade e com os pés bem assentes na terra.
E depois há as brincadeiras próprias de um balneário, das quais eles são alvos e que os fazem crescer. E isso é bastante interessante…
Quais as principais vantagens desta heterogeneidade em termos de idade?
Essa mescla que temos no plantel traz um conjunto de vantagens incalculável. Desde logo pelo facto de a irreverência dos mais novos se contrapor com a maturidade dos mais velhos, com o saber jogar, o pausar o jogo… E muitas vezes temos que ter esses dois momentos, em que aceleramos e pausamos o jogo. E quando essa combinação existe atinge-se, por vezes, a perfeição.
Depois há a questão de os mais novos olharem para nós como referências, o que faz com que corramos mais, para não perdermos andamento, e os faz olharem para nós e perceberem que têm que fazer as coisas com calma, como deve ser e sem se precipitarem.
Isso é muito importante para o sucesso do clube.
E quais são as desvantagens?
A desvantagem é o preço do grande clube que somos. A exigência na Associação Desportiva Sanjoanense é muito grande, exigem de nós o mesmo que exigem aos profissionais – mesmo sabendo que somos amadores e que jogamos por meia dúzia de tostões, por amor à camisola – e muitas vezes queimam-se etapas nos miúdos, pelo facto de jogarem no clube da terra, com esta exigência e com a cobertura mediática que tem – que é bastante grande, tendo em conta que estamos no Campeonato Nacional de Seniores.
Queimam-se etapas, os jovens não deviam ser tão influenciados pela opinião pública e isso traz, por vezes, consequências para a própria equipa porque a irreverência dos mais novos não traz sempre os resultados exigidos para o patamar em que estamos.
Mas os mais velhos estão cá para isso, também…
Esta é a tua 6ª época ao serviço da Sanjoanense, como sénior, e a tua influência é inegável. Que opinião tens quanto ao passado recente e à evolução do clube?
O clube teve uma evolução astronómica, se tivermos em conta o que acontecia há um ano e meio atrás. Se recuarmos ao dia 5 de agosto de 2014, que foi quando começou o nosso projeto, a evolução da parte do futebol é incrível! Diziam que éramos uma equipa sem qualidade, chamavam-nos “equipa do Playout” por ser um plantel com muitos jogadores de São João da Madeira, mesmo que alguns tivessem já cartas dadas, mas conseguimos começar a unir o clube. Tivemos também a felicidade de o próprio clube, através de todas as modalidades, começar a acordar as pessoas de São João da Madeira. Pedimos isso várias vezes na parte final da época passada, pedimos que acordassem o monstro adormecido que é a Associação Desportiva Sanjoanense e isso foi importante e inegável para o crescimento do clube.
E todas as nossas vitórias e conquistas – o facto de termos sido campeões, de termos ganho a supertaça, de termos assegurado a promoção ao Campeonato Nacional de Seniores, o facto de o hóquei ter conquistado a subida à primeira divisão, de o andebol ter conseguido a manutenção e de o basquetebol ter feito uma época brilhante, mesmo que a promoção tenha fugido no último jogo – permitem que se perceba que o futuro está bem perto e que estamos a caminhar no rumo certo.
Como foi, para ti, defrontar a Sanjoanense, ao serviço dos diversos clubes que representaste ao longo da carreira?
Essa é uma questão engraçada e faz-me recuar à formação. Cheguei à Sanjoanense em 1995, representei os escalões de formação do clube e acabei por sair. Regressei já como sénior e, uns anos depois, voltei a sair para o Milheiroense. E acabei por vir cá [n.d.r.: a São João da Madeira] jogar, pelo Milheiroense, num jogo decisivo para a Sanjoanense, que podia assegurar a subida de divisão… Foi uma mescla de sentimentos muito grande. É muito estranho porque defrontar a Sanjoanense é sempre especial.
Como se sabe não sou de São João da Madeira mas tenho o clube no coração pelo acolhimento que me proporcionou desde cedo. E é muito especial quando se entra no Estádio Conde Dias Garcia a representar outro clube… Tanto que, na primeira vez que defrontei a Sanjoanense, em Milheirós, dei por mim pronto para entrar em campo atrás das camisolas pretas, quando as minhas eram vermelhas! Foi um momento muito engraçado…
Como defines, numa palavra, o balneário da Sanjoanense?
Numa palavra só? Os meus colegas vão perceber o porquê desta palavra, mas defino dessa forma… Enorme!
E, agora, o clube em si…
Isso agora… Se o balneário é enorme, a Associação Desportiva Sanjoanense é grandiosa! É a palavra que mais se aproxima à caracterização devida.
É quase impossível definir a Sanjoanense numa palavra… Quando falamos assim parece que estamos a falar de um Real Madrid ou de um Bayern de Munique mas, para as pessoas que cá estão, é realmente um clube desses. À nossa dimensão é grandioso… Uma palavra interessante: incomensurável! Não tem dimensão possível, não se consegue ter a noção!
Que expectativas tens para o resto da temporada?
Bem, agora as expectativas estão muito sorridentes… Vimos de cinco vitórias e um empate em seis jogos e as expectativas passam por garantir a manutenção em três níveis: consegui-lo o mais rapidamente possível, tentar ficar em primeiro – porque, apesar de não nos dar qualquer troféu, é uma posição que assenta bem a este grupo – e, por fim, numa parte mais técnica, que não me compete tanto a mim mas sim ao Mister Pêpa, tentar lançar jogadores jovens e valorizar os ativos do próprio clube para que, no futuro, possamos conseguir tirar dividendos disso.
Por fim, que mensagem deixas aos adeptos?
Peço que continuem a apoiar-nos como até aqui têm feito. Que continuem a fazer as romarias, que tão especiais são, sempre a cantar e a tentar ajudar-nos. Uma palavra de apreço para a Força Negra mas também para os adeptos em geral que nos têm apoiado. Peço que continuem a dar-nos apoio até final da época porque, mesmo que não o saibam, por vezes são os gritos de incentivo que nos fazem dar algo mais e que fazem com que o grupo consiga ir além das possibilidades. O ano passado é um bom exemplo da importância dos nossos adeptos e estou certo que vamos continuar a tê-los do nosso lado, quer no futebol quer nas restantes modalidades. Os jogadores têm um orgulho enorme em vestir esta camisola e com o apoio dos adeptos tudo se torna mais fácil.