- Sanjoanense esteve em desvantagem mas terminou a golear.
- Excelente segunda parte na base da vitória.
Em jogo referente à 1ª Eliminatória da Taça de Portugal, a Sanjoanense recebeu e venceu o Sousense por esclarecedores 4-1, garantindo a passagem à próxima fase da competição.
Numa primeira parte com pouco brilho e muito dividida a meio-campo foram os homens de Foz do Sousa, concelho de Gondomar, os primeiros a criar perigo mas Ângelo, na resposta a um cruzamento de Dany, viu Diogo negar-lhe o golo com uma excelente intervenção.
Algo ansiosos, os alvinegros apresentavam dificuldades em impor o seu jogo e lacunas no entrosamento, essencialmente em termos atacantes, e, já depois de uma nova ameaça forasteira, num cabeceamento de Paulinho, acabou por ser o Sousense a inaugurar o marcador. Com 38 minutos jogados, Ângelo aproveitou da melhor forma um livre lateral e, em excelente posição, rematou sem oposição, colocando os visitantes em vantagem.
Ainda assim, a resposta dos locais não se fez esperar e, pouco depois, Ronan esteve perto do empate, num lance algo polémico. Lançado por Rúben Alves, o avançado desviou a bola de forma subtil, tendo sofrido carga de Fábio, guarda-redes contrário, já dentro da grande-área. Filipe Alves, árbitro da partida, nada assinalou e Vítor Hugo, em cima da linha de golo, segurou a vantagem dos visitantes, para desespero dos presentes.
No entanto, bastaram dois minutos para que a Sanjoanense confirmasse a igualdade. Numa reedição da dupla Rúben Alves/Ronan, o médio voltou a servir o avançado que, quando tentava assistir Ricardo Oliveira, beneficiou de um desvio de um defesa adversário, que devolveu o empate já bem perto do descanso.
O golo motivou a Sanjoanense e serviu de mote para uma excelente segunda parte, marcada por uma reviravolta notável, consumada no espaço de 6 minutos. Aos 61, numa aposta ganha da equipa técnica, que fez entrar Chapinha no minuto anterior, o extremo aproveitou da melhor forma a assistência de Bruno Almeida e deu, pela primeira vez na partida, a vantagem à Sanjoanense.
Porém, o momento da tarde estava ainda para chegar. Minutos depois do golo de Chapinha, Júlio ganhou posição aos defesas contrários e assistiu Ruben Alves que, com um remate colocadíssimo, fez um golo de belíssimo efeito, alargando a vantagem.
De cabeça perdida, os visitantes demonstravam alguma agressividade e, a cerca de 25 minutos do final, Zé Augusto agrediu Edgar, recebendo ordem imediata de expulsão. A partir deste momento só se jogou, praticamente, no meio-campo ofensivo da Sanjoanense, que esteve, por diversas vezes, perto de aumentar a vantagem. Bruno Almeida foi o primeiro a visar o alvo mas, isolado, permitiu a defesa a Fábio que, pouco depois, voltou a dar resposta a um remate de Chapinha, lançado por Danilo.
Ainda assim, o volume atacante da Sanjoanense era já bastante elevado e, a três minutos dos 90, Bruno Almeida acabou por dar contornos de goleada à vitória, na sequência de uma boa investida e assistência de Ronan.
Com presença marcada na 2ª Eliminatória da Taça de Portugal, a Sanjoanense volta a centrar-se no campeonato e, no próximo domingo, recebe o Estarreja, no segundo e último jogo à porta fechada.
Jogaram: Diogo Almeida, Leandro, Edgar, Fabeta (Pedro Lisboa), Brandão; Danilo, Júlio, Ruben Alves (Jorginho), Ricardo Oliveira (Chapinha), Bruno Almeida, Ronan.
Declarações de Ricardo Sousa:
Ricardo, a Sanjoanense entra a vencer na Taça e garante presença na próxima fase com uma vitória diante de um adversário que se antevia difícil. Que comentário faz ao jogo?
Já sabíamos que íamos ter pela frente uma equipa muito complicada. Relembro que o Sousense conseguiu, no ano passado, o apuramento para a fase de promoção na Série C, aquela que é, para mim, a melhor série deste campeonato. É uma equipa extremamente complicada, muito experiente e chata. Sabíamos que íamos encontrar algumas dificuldades. A primeira parte foi difícil… Penso que os meus jogadores ansiavam chegar à vitória o quanto antes, precipitaram-se em alguns momentos e não gostei dos primeiros 45 minutos. Foi para esquecer, independentemente de termos corrido atrás do resultado depois de termos ficado em desvantagem. Não gostei e vou tentar que não se repita.
Já a segunda parte foi completamente diferente. Pareciam outros jogadores, a equipa teve a posse, teve personalidade, arriscou e tomou boas decisões nos momentos certos. E uma equipa com a qualidade da nossa e que consiga meter tanta intensidade como nós acaba por chegar ao golo.
Mas quero salientar que, depois de três jogos oficiais, à exceção do Bruno – o guarda-redes suplente – e de dois jogadores que estão lesionados desde o início da época, já todos os outros jogaram. Era algo que queríamos fazer, dar rotatividade ao plantel e conseguimos fazê-lo neste jogo, com algumas alterações em relação ao último jogo. Queríamos premiar o trabalho que os jogadores com menos minutos têm feito. Têm sido autênticos profissionais, têm ajudado na evolução da equipa que joga com maior regularidade e hojo [domingo] tiveram oportunidade de jogar e demonstraram que a equipa não fica a perder. É bom encontrar uma equipa motivada e é bom ter quase todo o plantel com minutos porque assim vamos conseguir manter toda a gente motivada durante mais tempo. É esta a política que vou pretender ao longo da época. O grupo é pequeno mas a qualidade é muito grande. Toda a gente vai ter oportunidades, toda a gente vai jogar e todos vão ajudar-se porque a entreajuda e o espírito de equipa deste grupo é algo que já não via há muito tempo no futebol!
Pegando na questão da rotatividade, foram quatro as alterações no onze, que não impediu que a Sanjoanense se exibisse em bom plano, especialmente na segunda parte. Está satisfeito com a resposta dos jogadores, principalmente dos que contavam com menos minutos?
Sem margem para dúvidas. Independentemente de ter escolhido jogadores com menos minutos de jogo todos têm trabalhado da mesma maneira e têm dito “presente”. Prova disso são os últimos cinco minutos do jogo contra o Oliveira de Frades, que estava muito fechado e difícil de vencer, e foram os três jogadores que saíram do banco – o Leandro, o Ricardo Oliveira e o Aloísio – que fizeram a jogada do golo da vitória. Hoje alguns deles foram premiados, jogaram e mostraram que estão aqui para dar mais qualidade ao plantel e que estão prontos para ter mais oportunidades.
Assume que a primeira metade foi menos conseguida mas, na segunda, a Sanjoanense mandou totalmente no jogo. Sente que o maior entrosamento ofensivo dos segundos 45 minutos foi crucial para este desfecho?
Completamente. Na primeira parte a equipa não estava a dar a profundidade necessária. Estava a dar largura ao jogo mas não estava a dar profundidade, toda a gente queria a bola no pé.
A segunda parte acabou por ser diferente, depois de, ao intervalo, termos colocado o Bruno na esquerda e o Ricardo Oliveira na direita. Aí o jogo começou a ter a profundidade que desejávamos e, ao ter profundidade, a equipa passou a subir mais no terreno, com muito mais posse de bola. Isso equilibrou a equipa, empurrou o adversário e depois, com a velocidade, intensidade e qualidade dos nossos jogadores, os golos foram aparecendo naturalmente.
Fechado o capítulo da Taça, a equipa volta a centrar-se no campeonato e na próxima jornada a Sanjoanense recebe o Estarreja, novamente à porta fechada. Que análise faz ao adversário?
O Estarreja, na minha opinião, é uma das equipas mais fortes desta série. Vamos entrar com muita cautela. Sabemos que não somos favoritos por tudo o que o Estarreja tem demonstrado e pelas poucas alterações que efetuou no plantel desde a época passada, o que faz deles uma equipa muito bem entrosada, mas estamos a trabalhar bem, estamos focados para enfrentar todos os jogos como finais e não vamos dar este jogo de mão beijada. Vamos lutar pelos três pontos, apesar de não contarmos com o nosso público, que tanta falta nos faz e voltou a demonstrar que é muito importante para os jogadores, por todo o apoio manifestado. Estamos aqui para lutar em todos os jogos e o próximo não será exceção.
Os adeptos responderam à chamada e assistência foi razoável. Sentes que, depois de alguma desconfiança inicial, o público começa a aproximar-se da equipa?
Espero que sim. Os adeptos têm aparecido desde o primeiro dia, desde o início dos jogos amigáveis, e isso é sinal de que confiam na equipa e estão com ela. Hoje [domingo] tivemos uma casa composta, uma claque que apoiou do primeiro ao último minuto e isso significa muito. Significa que toda a gente está com a equipa e quer o seu sucesso. Aquilo que posso prometer, enquanto equipa técnica, é que não vou deixar, em momento algum, que um jogador meu atire a toalha ao chão. Eu cresci nesta casa, sei o que ela significa e vou olhar todos os adversários nos olhos, dando o melhor para que consigamos vencer o maior número de jogos possível. E tenho a certeza absoluta que se pensarmos jogo a jogo vamos obter sucesso e vamos conseguir o que nos propusemos desde o início da época: a manutenção o mais rapidamente possível.
Fotografia: Daniel Oliveira/ADS