- Sanjoanense esteve por duas vezes em vantagem mas desperdiçou vitória ao cair do pano.
- Desfecho relembrou fantasmas da primeira jornada.
Foi uma Sanjoanense capaz do oito e do oitenta, aquela que neste domingo pisou o relvado do Conde Dias Garcia. Com inúmeras oportunidades, os homens de São João da Madeira estiveram por duas vezes em vantagem mas voltaram a ceder já depois dos 90’, num jogo que trouxe à memória os fantasmas da jornada inaugural.
Extremamente determinados, os comandados de Ricardo Sousa entraram a todo o gás e, logo aos 2’, Ruben Alves deu o melhor seguimento a uma jogada bem desenhada por Bruno Almeida e Ruben Neves, inaugurando o marcador com um chapéu perfeito a André, guarda-redes contrário.
Visivelmente dominadores, os alvinegros criavam muitas dificuldades ao setor mais recuado do Estarreja mas, a partir daí, deu-se um festival de oportunidades desperdiçadas. Ruben Alves, aos 4’, viu André negar-lhe o golo com uma defesa monstruosa e Bruno Almeida, aos 20’, rematou por cima da baliza contrária, quando tinha Ruben Alves e Ruben Neves em boa posição para a finalização.
Pelo meio, Alex ainda ameaçou a baliza alvinegra, num desvio traiçoeiro que obrigou Diogo a defesa atenta, em jeito de preparação para o que aconteceria pouco depois. Com 22’ jogados, Vítor Hugo – que parecia ligeiramente adiantado em relação à linha defesiva – aproveitou uma bola bombeada para a área da Sanjoanense e, com um remate de primeira, à meia-volta, bateu Diogo, restabelecendo a igualdade.
Com poucos argumentos até ao empate, os visitantes cresceram e, pouco depois, Alex serviu Gustavo, que cabeceou ao lado.
Na resposta, já bem perto do descanso, Bruno Almeida voltou a visar a baliza contrária, com um potente remate travado por uma estirada atenta de André.
Apesar da igualdade ao intervalo, a Sanjoanense realizou a melhor primeira parte da temporada e parecia querer dar-lhe continuidade no regresso dos balneários. Com novo início fortíssimo, Catarino assistiu Ronan e o avançado, em posição privilegiada, recolocou os homens de São João da Madeira na dianteira, quando estavam decorridos 47’.
Em bom plano, o jogador brasileiro voltou a estar em evidência aos 75’ quando, em velocidade, percorreu metade do campo com a bola controlada e, com um forte remate, obrigou André a defesa apertada.
Claramente por cima, a Sanjoanense tudo fazia para colocar um ponto final no encontro, o que esteve perto de acontecer aos 87’, mas Pardal, depois de uma jogada de insistência entre Júlio e Ronan e sem oposição, não conseguir desfeitear o guarda-redes adversário.
Na sequência do lance, João Paulo acabou por receber ordem de expulsão, aparentemente por palavras dirigidas a João Lamares, árbitro do Porto, e, quando tudo parecia controlado pela Sanjoanense, eis que surge um novo balde de água fria. Um pouco à semelhança do que aconteceu na primeira jornada, diante do Lourosa, e numa altura em que estavam jogados 3’ dos 5’ minutos de desconto ordenados, Fredy desviou com o joelho um canto cobrado desde o lado direito do ataque, estabelecendo o resultado final, para desespero da comitiva alvinegra. Um resultado bastante penoso para o trabalho levado a cabo pelos comandados de Ricardo Sousa.
Com este empate, no último jogo de castigo aplicado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a Sanjoanense soma 4 pontos e ocupa a 6ª posição da Série D da presente edição do Campeonato Nacional de Seniores, deslocando-se, na próxima semana, ao terreno do Bustelo, que não obteve ainda qualquer ponto.
11 Inicial: Diogo, Pardal, Edgar, Ricardo Tavares, Brandão; Júlio, Ruben Neves, Ruben Alves; Catarino, Bruno Almeida, Ronan.
Substituições: Chapinha (Catarino), Aloísio (Ruben Alves), Leandro (Bruno Almeida).
Declarações de Ricardo Sousa:
Ricardo, a Sanjoanense teve inícios de primeira e segunda parte fortíssimos mas voltou a sofrer bastante nos minutos finais, ao deixar fugir o triunfo. Depois do que aconteceu diante do Lourosa, e tendo em conta o domínio total da sua equipa, este é um final inglório que custa a digerir…
É evidente que sim… Olhando para tudo o que aconteceu no encontro é, mais uma vez, inglório mas, desta feita, é fruto da inexperiência da equipa. Temos que fazer mea culpa sobre o que aconteceu. Depois de termos corrido atrás do resultado e termos conseguido realizar uma exibição bastante sólida contra uma das equipas que, na minha opinião, é das mais fortes deste grupo, voltar a sofrer nos descontos, com mais um homem, faz com que tenhamos que dizer que a culpa é nossa. Vamos ter que voltar a correr atrás dos pontos perdidos, custa a digerir mas amanhã é outro dia. Não posso estar triste com os jogadores porque deram tudo o que tinham para conseguir a vitória. Fartámo-nos de falhar oportunidades para dilatar a vantagem e quem não marca sofre. Foi o que aconteceu, uma vez mais… A pontinha de sorte não está connosco mas vamos esperar que apareça. Até lá, só o trabalho ditará aquilo que valemos e o que conseguimos dar.
Penso que quem viu o jogo conseguiu ver, uma vez mais, que, apesar de estarmos a jogar contra um dos candidatos aos dois primeiros lugares, fomos superiores, fomos melhores… Fomos melhores do que as quatro equipas com que já jogámos mas, infelizmente, voltámos a não conseguir vencer. Mas estamos no bom caminho e a equipa está a trabalhar bem, independentemente de ser jovem e pagar um pouco a fatura disso. Mas é este o caminho que queremos para conseguirmos atingir os nossos objetivos.
O poder de ataque foi uma constante e a Sanjoanense teve inúmeras oportunidades para ampliar as vantagens de que dispôs. Sente que os jogadores podem ter acusado alguma pressão em momentos cruciais?
Penso que não. Os jogadores estão tranquilos, sabem aquilo que se pede e vivem num bom ambiente. O grupo é fabuloso. Toda a gente sabe que por vezes podemos marcar com sorte e noutras falhar com azar. Ninguém tem a responsabilidade nas costas, somos um todo e é esse conjunto que vai ditar aquilo que somos. A responsabilidade é de todos, quando marcamos ou não. Valemos pelo que somos. Infelizmente, como já disse, a pontinha de sorte tem-nos falhado porque tivemos inúmeras oportunidades para dilatar a vantagem e, caso o fizéssemos, seria um jogo muito mais tranquilo. O Estarreja teria que se abrir, teria que procurar o resultado e nós podíamos aproveitar alguns espaços. O Estarreja foi uma equipa que apenas defendeu… Colocou todos os jogadores atrás da linha da bola e tentou explorar a velocidade do Alex, do Machadinho e do Marcelo com jogo direto. Nós, que somos uma equipa que luta pela manutenção, conseguimos meter um candidato aos lugares de promoção a jogar atrás do meio-campo e a dar pontapés para a frente… Isso significa que temos qualidade e é essa qualidade que vou continuar a exigir aos meus jogadores.
É justo dizer que, apesar da igualdade que se registava ao intervalo, a primeira parte deste jogo foi a melhor, até ao momento, na presente temporada?
Penso que sim. Fizemos uma grande segunda parte contra o Sousense, fizemos uma boa primeira parte em Oliveira de Frades e contra o Lourosa a equipa esteve bem no cômputo geral, apesar de, infelizmente, não termos conseguido a vitória, pelos motivos que todos conhecem… Mas esta primeira parte é para repetir. Fomos superiores durante todo o jogo e o segundo golo deles surge da nossa falta de experiência, por termos um grupo excessivamente jovem. Mas estamos aqui para ajudá-los a evoluir e para tentar que estes erros não se repitam no futuro.
Uma das tarefas mais complicadas, nos próximos dias, será manter a moral da equipa em alta, depois dos dois dissabores sofridos em casa. Teme que a equipa possa cair de rendimento nos próximos jogos?
Não, de todo. O que senti no balneário é que a equipa está ansiosa e não se importava que o jogo com o Bustelo fosse já amanhã. Esta equipa tem fome de vitória, de bola, de jogo e está motivada para recuperar os pontos perdidos. Os jogadores sabem o que valem, sabem que foram superiores aos adversários e sabem que a identidade da equipa é esta. Somos uma equipa que quer a bola, sabe jogar e gosta de meter os adversários a correr. Esta é a nossa identidade e vamos continuar porque este é o nosso caminho. Independentemente dos dissabores que possa trazer, estou certo que vai dar-nos mais alegrias do que tristezas. Se acreditamos neste caminho e os jogadores também, pelo que demonstram em campo, não temos que alterar nada.
Na próxima semana a Sanjoanense desloca-se a Bustelo, num encontro historicamente difícil. Que avaliação faz ao adversário?
Vai ser um jogo difícil, novamente em sintético, e a maior dificuldade para Sanjoanense é que será mais um derby. Os jogadores do Bustelo, se dão 100% contra as restantes equipas, contra a Sanjoanense vão dar 300%. Todos os clubes querem vencer a Sanjoanense… Somos o FC Porto ou o Benfica desta divisão! Mas estamos preparados e, felizmente, podemos voltar a ter o apoio do nosso público, o que é bastante importante. Apelo aos sanjoanenses que se desloquem a Bustelo porque é um jogo extremamente importante para nós e do qual temos que trazer os três pontos, para recuperar os que perdemos em casa. Em nome do grupo, deixo o apelo, para que esteja o máximo de adeptos possível em Bustelo. Isso será muito importante para nós!