Edwar foi herói em jogo de estreia

  • Sanjoanense de garra conquistou segundo triunfo na presente edição do Campeonato Nacional de Seniores. 
  • Edwar teve estreia de sonho ao garantir os três pontos.

Em jogo da 4ª jornada da Serie D do Campeonato Nacional de Seniores (CNS), a Sanjoanense foi obrigada a lutar bastante na sempre difícil deslocação a Bustelo, tendo carimbado o regresso às vitórias já nos minutos finais, à semelhança do que aconteceu em Oliveira de Frades, no segundo jogo da prova.

Numa primeira parte pouco conseguida, os homens de São João da Madeira não deram seguimento a 15 minutos iniciais de bom nível, durante os quais podiam, por diversas vezes, ter inaugurado o marcador, e acabaram surpreendidos pelos locais, que chegaram à vantagem à passagem do minuto 25. Na sequência de um canto e de uma jogada de insistência pela esquerda do ataque, Vasquinho colocou a bola na área e Nuno, livre de marcação, rematou à meia-volta, batendo Diogo Almeida.

No entanto, a resposta alvinegra não se faria esperar e, no minuto seguinte, Ronan, isolado por Ruben Alves, aproveitou o espaço deixado nas costas da defesa contrária e, com frieza na hora da finalização, temporizou e rematou de pé direito, devolvendo a igualdade ao marcador.

A jogar perante os seus adeptos e à procura dos primeiros pontos no campeonato, a formação de Bustelo podia até ter saído em vantagem para o intervalo mas Diogo, de forma crucial, segurou o empate com uma fantástica intervenção após remate de Ayrton.

Cientes da importância da vitória, especialmente depois dos desaires no Conde Dias Garcia, os comandados de Ricardo Sousa regressaram dos balneários determinados em melhorar a imagem deixada na primeira metade mas, apesar de algumas oportunidades de registo, continuavam a pecar no último terço. Bruno Almeida foi o primeiro a visar a baliza contrária, com um remate forte que obrigou Pedro Monteiro a defesa apertada, e pouco depois assistiu Ronan que, em excelente posição, cabeceou ao lado.

Pelo meio, Soares, de livre direto, fez a bola passar perto da baliza à guarda de Diogo Almeida, numa tímida resposta da formação de Bustelo que, a cerca de 20’ do final, ficaria reduzida a dez elementos, por culpa da expulsão de Ruben, por acumulação de amarelos.

Em vantagem numérica, a Sanjoanense assumiu totalmente o controlo do jogo e, já instalada no meio-campo defensivo do adversário, podia rapidamente ter sentenciado o encontro. Com 75 minutos jogados, Ronan, servido por Edwar, introduziu a bola na baliza contrária mas viu Duarte Santos, assistente principal de José Laranjeira, invalidar o golo por suposto fora-de-jogo, numa decisão bastante duvidosa.

Ainda assim, os homens de São João da Madeira não desistiam do objetivo e, apoiados por uma estreia fulgurante de Edwar, acabariam mesmo por consumar a reviravolta. Em cima do minuto 90, altura em que a pressão da Sanjoanense era enorme, o extremo colombiano aproveitou da melhor forma um passe longo de Ruben Alves e, com ângulo apertado, desfeiteou Pedro Monteiro, estabelecendo o resultado final.

Com esta vitória, a Sanjoanense passa a somar 7 pontos e ocupa a 5ª posição da Série D do CNS, a apenas 1 ponto do primeiro classificado, o Lusitano FCV.

No próximo domingo, os comandados de Ricardo Sousa deslocam-se a Sintra, em jogo da Segunda Eliminatória da Taça de Portugal, onde defrontarão o 1º de Dezembro, atual primeiro classificado da Série G do CNS.

AD Sanjoanense: Diogo Almeida, Leandro, Edgar, Andrés Burgos, Ricardo Tavares (Brandão, 45’), Danilo, Ruben Neves, Ruben Alves, Catarino (André Pereira, 59’), Bruno Almeida (Edwar, 70’), Ronan.

Declarações de Ricardo Sousa:

Ricardo, a Sanjoanense teve que suar para garantir os três pontos. Esperava tantas dificuldades perante um adversário que ainda não tinha pontuado?

Sim, esperava. Primeiro porque era um adversário que não tinha pontuado e estava com fome de pontos e depois porque eu sabia que eles tentariam resolver o jogo o mais rapidamente possível. Mas nós partíamos para este jogo como favoritos – talvez pela primeira vez neste campeonato – e tínhamos que demonstrá-lo em campo para conseguirmos um bom resultado. Mas não o conseguimos durante a primeira parte, que foi muito má. Levamos já 7/8 semanas de trabalho e nunca tinha visto a equipa tão intranquila e a jogar tão mal como nesta primeira parte. Ao intervalo fi-los ver isso mesmo. Disse-lhes que esta não era a nossa imagem e que teriam que mudar a atitude e jogar com mais ambição e motivação perante os associados que se deslocaram a Bustelo para nos apoiar. Eles perceberam e a segunda parte foi diferente. Podíamos ter chegado ao golo mais cedo. Voltámos a conseguir a vantagem já perto do final mas quero salientar que o Bustelo, em casa, é uma equipa muito difícil de defrontar e que, para além disso, foi ao encontro do que já esperava: ao jogar contra a Sanjoanense as equipas parece que dão 300%. Os jogadores do Bustelo aplicaram-se muito mais neste jogo do que em encontros anteriores e isso significa muito. Significa que olham para nós como um grande e nós teremos que saber reagir a isso.

Falou, há pouco, da intranquilidade da equipa e assumiu a má primeira parte realizada. Sente que, apesar de terem reagido rapidamente à desvantagem e terem disposto de várias oportunidades para se adiantar no marcador, os jogadores podem ter sido condicionados pelo nervosismo, principalmente na fase inicial do encontro?

Sem dúvida… Temos uma equipa cheia de ambição mas, em simultâneo, muito jovem e sem experiência. Enquanto os pontos não aparecerem e tivermos o campeonato tranquilo, poderemos passar um mau bocado mas penso que os jogadores estão cada vez mais cientes daquilo que querem e têm que fazer e estão cientes de que o emblema da Sanjoanense, apesar de pesado, vale muito apena, porque movimenta multidões. A Sanjoanense é uma equipa grande nesta divisão e isso traz alguma sobrecarga emocional aos jogadores. Mas se os jogadores querem evoluir têm que reagir a isso e saber lidar com este tipo de pressão a toda a hora.

A Sanjoanense voltou a dispor de algumas oportunidades para conquistar uma vantagem folgada. Apesar das dificuldades encontradas, sente que a equipa merecia mais do que a vantagem mínima?

Sim, sinto. Aquilo que tem acontecido nos nossos jogos é que desperdiçamos 10/15 boas oportunidades para dilatar a vantagem. Infelizmente não marcamos e, nos jogos em que perdemos pontos, acabámos por sofrer já perto do final, o que nos retirou alguns pontos. Mas estou consciente de que a pontinha de sorte ainda não apareceu. Quando surgir teremos bons resultados, vitórias tranquilas que não nos façam sofrer até ao fim e tranquilidade para encararmos todos os jogos.

Fez três alterações ao onze que defrontou o Estarreja. Procurou dar um novo fôlego à equipa depois do empate da última jornada?

Nós temos um grupo muito homogéneo e estou a conseguir tirar partido máximo dos jogadores que tenho à disposição, sabendo que uns conseguem dar mais em determinados jogos do que outros. Isso está relacionado com a tática do adversário que defrontarmos e nós sabíamos de antemão qual o sistema tático que o Bustelo iria apresentar. Tendo isso em conta, decidi que seria melhor fazer alterações na equipa porque os jogadores que optei por meter podiam dar mais garantias do que os que jogaram na semana passada. Mas um grupo de trabalho funciona desta forma. Temos que manter o grupo motivado para o que aí vem e isto só prova o que venho defendendo: a rotatividade deste plantel vai ser grande até final, todos os jogadores terão oportunidade de jogar e, por isso, os jogadores estarão sempre em alerta porque terão sempre o lugar em perigo. Isso é bom para uma equipa.

Duas das surpresas foram a titularidade do Andrés e a aposta no Edwar, já na segunda parte. Esperava estreias tão prometedoras, tendo em conta o menor tempo de trabalho com a equipa?

O Andrés e o Edwar são jogadores diferentes. O Andrés já tem muita matreirice, jogou no Deportivo Cali, na primeira divisão colombiana, tem experiência e é diferente dos jogadores de que dispomos. É muito forte no jogo aéreo, dificilmente falha um passe e tem muita tranquilidade em campo. Pode oferecer-nos muito e elevar, ainda mais, a qualidade da equipa.

O Edwar é um jogador novo, promissor, com pouca experiência mas que provou, neste jogo, que pode dar-nos muito. Tem uma estampa física considerável, imprime muita velocidade no jogo e disputa cada lance com muita garra. Foi uma estreia de sonho e estou convencido que, se continuar a trabalhar da forma que tem trabalhado e continuar a progredir taticamente para aquilo que queremos, será um jogador muito interessante para a Sanjoanense.

Na próxima semana a Sanjoanense tem uma difícil deslocação ao terreno do 1º de Dezembro, atual primeiro classificado da Série E. Que antevisão faz ao encontro?

Vai ser um encontro extremamente complicado. Já estudei a equipa do 1º de Dezembro, é muito forte fisicamente e tem três homens bastante rápidos na frente. Tem bons jogadores e é uma equipa difícil de defrontar em casa. Em três jogos que fez no seu estádio, o 1º de Dezembro tem onze golos marcados e nenhum sofrido.

Será extremamente difícil mas queremos chegar o mais longe possível e a Taça poderá ser boa para a Sanjoanense porque na próxima ronda já entram equipas da primeira divisão e, caso nos mantenhamos em prova, podemos ter uma surpresa e receber um dos grandes, o que resolveria muitos problemas do clube. É atrás disso que vamos. Sabemos que é uma deslocação longa e difícil mas esperamos o apoio do maior número possível de adeptos que possam fazer a viagem para nos ajudar.

Como é que se prepara uma equipa para um jogo que pode definir a continuidade em prova?

Com seriedade. E, essencialmente, a saber que temos que dignificar o emblema que trazemos ao peito. É isso que exijo sempre aos jogadores. Se o conseguirem fazer, todos vão ficar satisfeitos com eles e dificilmente não traremos a vitória.

Fotografia: Daniel Oliveira/ADS