- Comandados de Ricardo Sousa foram mais esclarecidos e dominadores mas cederam em detalhes cruciais.
- Erros defensivos ditaram resultado.
Uma Sanjoanense com o domínio do jogo mas menor objetividade ante um Cesarense pragmático e muitíssimo eficaz. Assim se resume, em poucas palavras, o jogo do último sábado, referente à 5ª jornada da Serie D do Campeonato Nacional de Seniores.
No frente-a-frente entre dois rivais históricos, o domínio pautou a fase inicial do encontro mas, apesar de um ligeiro ascendente da Sanjoanense, seria o Cesarense a inaugurar o marcador. À passagem do minuto 20, Mauro aproveitou da melhor forma uma transição rápida e, na sequência de uma falha da defesa alvinegra, surgiu na cara de Bruno para, com um remate cruzado, dar vantagem aos visitantes.
Afetados pelo golo sofrido, os comandados de Ricardo Sousa aparentavam alguma ansiedade e nervosismo e, apesar de terem ainda muito tempo pela frente, demonstravam dificuldade em consumar a supremacia. Tanto que foi preciso esperar pela meia hora de jogo para que se visse a primeira investida de registo da formação alvinegra. Pardal, com um passe longo, isolou Ronan mas o avançado, depois de um fantástico trabalho individual, viu Bruno Pinto negar-lhe o empate com uma enorme intervenção.
Numa altura em que a resposta alvinegra era mais sentida, Ronan voltou a estar em evidência pouco depois mas, novamente servido por Pardal, cabeceou ao lado, não conseguindo desfazer a desvantagem com que a Sanjoanense saiu para o intervalo.
Para a segunda metade, Ricardo Sousa optou por deixar Pardal no balneário lançando, para o seu lugar, Chapinha, numa clara tentativa de dar maior capacidade e intensidade ofensiva à equipa que, perante os seus adeptos, tudo fazia para dar seguimento à vitória épica conquistada na semana anterior.
E, na fase inicial da etapa complementar, a estratégia parecia surtir efeito. Mais perigosa, a Sanjoanense ocupava o meio-campo defensivo do Cesarense e, aos 50’, dispôs da melhor oportunidade do encontro. Edwar, pela direita do ataque, ganhou posição à defesa contrária e, com um cruzamento tenso, esteve perto de assistir Ronan, mas viu o avançado brasileiro chegar ligeiramente atrasado para o desvio, numa altura em que já se festejava o empate no Conde Dias Garcia.
Completamente balanceados no ataque, os alvinegros pareciam perto de restabelecer a igualdade mas, pouco depois, seriam novamente surpreendidos. Num lance idêntico ao do golo inaugural, ainda que com intervenientes diferentes, Rúben deu seguimento a uma rápido contra-ataque e, à saída de Bruno, fez a bola sobrevoar o guarda-redes alvinegro, aumentando a vantagem para os comandados de Martelinho.
Notoriamente desiludidos, os homens de São João da Madeira procuravam minimizar estragos mas, mesmo que instalados no seu meio-campo atacante, não conseguiam desfeitear a defesa do Cesarense que, a espaços, surgia com perigo no último terço. Mauro, aos 60’, apareceu em boa posição mas rematou ao lado e Ronan, na resposta, voltou a estar muito perto do golo mas teve em Bruno Pinto uma autêntica barreira que o separou do golo.
Ainda assim, a Sanjoanense procurava, de forma constante, reduzir a desvantagem e, já perto do final, Chapinha traria uma réstia de esperança ao jogo. Desde o lado esquerdo do ataque, o extremo enfrentou a defesa contrária e, com um remate colocadíssimo, colocou a bola no ângulo superior esquerdo da baliza à guarda de Bruno Pinto.
O golo, no entanto, revelar-se-ia infrutífero e, apesar do esforço, a Sanjoanense não conseguiu chegar ao empate, consentindo, assim, a segunda derrota caseira da temporada, depois do desaire diante do Lourosa, na primeira jornada, aumentando para oito os pontos perdidos no seu reduto.
No próximo sábado a formação de São João da Madeira desloca-se a Viseu para defrontar o Lusitano FCV, atual líder da Série D do Campeonato Nacional de Seniores (CNS).
AD Sanjoanense: Bruno, Pardal (Chapinha, 45’), Edgar, Fabeta, Brandão; Danilo, Ruben Neves, Ruben Alves (André Pereira, 56’); Edwar, Bruno Almeida (Júlio, 63’), Ronan.
Declarações de Ricardo Sousa:
Ricardo, depois de 20′ de alguma superioridade, a Sanjoanense acabou surpreendida com um golo que acabou por influenciar o rumo do jogo. Sente que a equipa se deixou afetar em demasia pelo golo sofrido?
Sim, sem margem para dúvidas. Animicamente a equipa foi abaixo, sem motivos para tal porque vínhamos de uma vitória histórica, que dava entusiasmo, e tínhamos o apoio dos nossos adeptos. Mas é como disse anteriormente: esta é uma equipa extremamente jovem, provavelmente com a média de idades mais baixa do Campeonato Nacional de Seniores, e falta-lhe maturidade e matreirice. Jogámos contra uma equipa que na última época garantiu o acesso à fase dos primeiros e que este ano volta a ser candidata e repare-se que todas as equipas que jogam em São João da Madeira fazem-nos com onze jogadores atrás da linha da bola… Penso que remataram 3/4 vezes à baliza mas foram justos vencedores porque foram eficazes. Nós em 20/25 remates não marcámos… Temos que lhes dar os parabéns.
No entanto, como disse à equipa já no final do jogo, na semana passada não tínhamos ganho tudo e nesta semana também não perdemos tudo. Estamos prontos para mais uma semana de trabalho, tendo em vista o jogo com o Lusitano Vildemoínhos, que será extremamente complicado, contra um dos grandes candidatos à subida, pelo orçamento abismal de que dispõem. Mas nós não vamos olhar para cima. Vamos olha-los nos olhos e tentar um bom resultado que nos permita recuperar os pontos perdidos em casa. E nada melhor do que um jogo diante de um candidato para recuperar esses pontos. Vamos ver o que dá…
Hoje [sábado] não posso dizer que estou satisfeito com os jogadores porque pretendemos sempre ganhar, para ter o apoio do público mas peço aos sanjoanenses que não desanimem e continuem ao lado destes meninos porque eles merecem tudo. Estou certo de que, mais tarde ou mais cedo, as vitórias em casa irão aparecer e quando isso acontecer será difícil parar esta equipa.
É justo dizer que estes foram, no cômputo geral, os noventa minutos menos conseguidos da Sanjoanense nesta época?
Sim, foi claramente o jogo menos conseguido. A equipa foi abaixo, em termos anímicos, depois do primeiro golo, conseguido num contra-ataque, o que demonstra que estávamos com algum ascendente em relação à equipa do Cesarense. Mas temos que ganhar estofo para reagir às situações menos boas que possam surgir nos jogos que disputamos. Podemos começar a perder um jogo mas devemos saber reagir, temos que meter entrega e alma no jogo para tentar inverter o rumo dos acontecimentos e, posteriormente, gerir o ritmo da partida. Isso foi algo que hoje [sábado] não aconteceu. Estou triste pela derrota, estou triste pelos sanjoanenses que se deslocaram ao estádio mas posso garantir e prometer que no próximo sábado a atitude vai ser completamente diferente e que vamos entrar em campo para vencer o jogo e recuperar estes pontos.
Com esta derrota são já 8 os pontos perdidos em casa. O fator casa não sido nada proveitoso…
Não. Tem sido mais difícil jogar em casa do que jogar fora… Penso que os jogadores se sentem ansiosos por demonstrar algo quando todo o trabalho desenvolvido mostra bem o que tem sido feito. Tem sido complicado mas estou certo de que, depois de aparecer a primeira vitória, vamos galvanizar-nos e faremos uma época de sucesso em casa.
Na próxima semana a Sanjoanense desloca-se ao reduto do Lusitano FCV, aquela que é, para muitos, a melhor equipa desta série. Que antevisão faz ao jogo?
Vamos jogar contra um dos favoritos ao acesso à fase de subida mas foi como disse: a Sanjoanense não vai olhar para cima, vai jogar sempre olhos nos olhos e dará sempre o seu melhor. E estou convencido de que, se tivermos a atitude que demonstrámos até este jogo – apesar de hoje [sábado] não temos tido a melhor – e se conseguirmos inteirar-nos daquilo que pretendemos em termos táticos, o adversário não nos defrontará como tem defrontado a maior parte das equipas com que tem jogado. Não irá massacrar-nos como tem feito nos seus jogos. Vamos olhar o adversário nos olhos e vamos à procura da vitória, como fazemos em todos os jogos.
Fotografia: Daniel Oliveira