Pedro Azevedo adiou, por uma época, o adeus ao basquetebol. Depois da derrota com o Vasco da Gama, em abril do ano passado, que impediu a Sanjoanense de subir à Proliga, sentiu-se na obrigação de tentar de novo. Subir é o grande objetivo e o extremo, de 33 anos, diz-se confiante para luta.
Durante cerca de 15 anos, Pedro Azevedo construiu uma carreira de relevo no basquetebol nacional. Formado na Ovarense, passou igualmente pelo Galitos, Vitória de Guimarães, Sampaense e Illiabum, até chegar à Sanjoanense, há três temporadas. Longe vai o tempo do profissionalismo. Hoje, chega ao Pavilhão Paulo Pinto com um dia de trabalho nas costas, mas isso não lhe tira o entusiasmo. “Vivo muito o basquetebol, apesar de nesta altura o encarar mais para me divertir. Mas existe sempre o objetivo de ganhar”, atira o atleta, que se diz preparado para a desforra da época passada.
Aliás, não fosse o dramático desaire com o Vasco da Gama, em Paços de Brandão, e, hoje, Pedro Azevedo estaria na bancada a torcer por fora. “Tinha tudo acertado para deixar de jogar mas, depois do que aconteceu, não poderia deixar os meus colegas e o clube sem tentar mais uma vez, porque custou-nos muito”, conta, ele que tem como objetivo deixar a modalidade com a Sanjoanense na Proliga: “Já o era no ano passado. Desde o primeiro minuto que estamos focados naquilo que queremos, e não será por falta de luta que não o iremos conseguir. Sei que é difícil mas vamos tentar”.
Para trás ficou a primeira fase da 1.ª Divisão Nacional, marcada por “um desnível muito grande” entre as equipas. “Aproveitamos para ganhar ritmo, rodar jogadores e adquirirmos processos”, admite Pedro Azevedo, que aponta as duas derrotas consecutivas, com Académico e Dragon Force B, como o momento menos positivo da primeira metade da temporada: “Tivemos alguns problemas, como doenças e a saída do Marco (Pinto) por motivos profissionais, que nos afetaram um pouco. Também podemos ter tido algum desleixo nos treinos por, talvez, já estar garantida a passagem, mas já refletimos e corrigimos”.
DEIXAR LEGADO PARA O FILHO
Aos 33 anos, Pedro Azevedo já vislumbra o futuro fora das quatro linhas. O seu maior sonho é conseguir transmitir ao seu filho, Lucas, o gosto pelo basquetebol. “Gostava que ele, pelo menos, tentasse, e que tivesse o mesmo gosto pela modalidade que tiveram o pai e o avô”, José Azevedo, que jogou, entre outros, na Ovarense e no Beira-Mar. Acabado de completar um ano, o pequenino Lucas ainda tem muito tempo para desenhar o seu futuro, “mas já marca uns cestinhos”, conta, entre sorrisos, o progenitor.
Fora da quadra, Pedro aprecia “estar com a família” e diz não gostar de confusões, “apesar de, dentro de campo, parecer um jogador que luta e fala muito”. “Mas sou uma pessoa muito calma”, assegura, ele que aprendeu a amar a Sanjoanense: “Para se ter uma noção do quanto gosto do clube, se o meu filho um dia jogar basquetebol, vai começar aqui”.
JORDAN E MARÇAL SÃO OS ÍDOLOS
Como principais referências na modalidade, Pedro Azevedo atira dois nomes: Michael Jordan e Nuno Marçal. Se o americano ficou na história do jogo, o ex-internacional português, hoje no Maia Basket, marcou o atleta alvinegro no aspeto desportivo e humano: “Quando ele jogava no FC Porto, parecia-me um jogador arrogante, mas, quando cheguei a sénior e lidei com ele, vi que é uma pessoa cinco estrelas. É um jogador fantástico que, infelizmente, por ser de um país pequenino, talvez não tenha ido tão longe”.
SALVOU AMIGO DE GRANDE EMBARAÇO
Já lá vão uns anos, mas Pedro não esquece, nem se cansa de contar, a história de quando impediu um colega de equipa de marcar…no seu próprio cesto. “Deveria ter uns 13 ou 14 anos”, recorda o atleta, que conta um momento, sobretudo, confuso: “No início do jogo, um colega meu saiu para o nosso cesto e tive que o ‘abafar’. A confusão da bola o ar deve tê-lo desorientado um bocado e tive que o safar de passar uma vergonha de marcar no próprio cesto”.
Fonte – Jornal Único
Texto – Rui Almeida Santos
Fotografia – Diogo Pereira