Atitude guerreira castigada com resultado enganador

  • Sanjoanense apresentou-se em bom plano, limitou Académica a uma estratégia de contra-ataque mas acabou duramente penalizada.
  • Lacunas defensivas e arbitragem polémica marcaram o encontro.

Antes de mais, convém colocar os pontos nos i’s: o resultado, transformado em goleada pela forte eficácia da Académica, é enganador. Muito enganador, aliás, facto que pode ser comprovado pelas cerca de 2000 pessoas que marcaram presença no Conde Dias Garcia, no regresso da Taça de Portugal.

Sem pressão para um encontro em que surgia como menos cotada, a Sanjoanense mostrou-se tranquila e muito capaz, colocando dificuldades a um adversário que, como se sabe, milita no principal escalão do futebol nacional. Tanto que pertenceu aos locais a primeira oportunidade do jogo. Com 5’ decorridos, Ruben Alves intercetou um mau alívio de Lee e rematou em força, falhando por pouco a baliza contrária.

No entanto, seriam os estudantes a adiantar-se no marcador. Na resposta, três minutos depois, Rafael Lopes aproveitou da melhor forma um rápido contra-ataque e, na recarga a uma primeira defesa de Diogo Almeida, inaugurou a contagem.

A procurar um resultado positivo, os comandados de Ricardo Sousa não se deixaram afetar pelo golo sofrido e tentavam impor o seu jogo, com muito tempo de posse de bola e uma organização que permitia que se instalassem no meio-campo adversário, criando perigo no último terço.

Muito coesos, os alvinegros conseguiam chegar à grande área contrária e, à passagem do minuto 12, podiam ter igualado a partida, não fosse a primeira de muitas decisões duvidosas de André Moreira, que não viu um desvio de Gustavo, com a mão, a impedir o remate de um atacante alvinegro.

Catarino, pouco depois, esteve perto de consumar a superioridade sanjoanense mas, isolado, optou por tentar assistir Ruben Neves, desperdiçando uma boa oportunidade para confirmar o empate.

Com experiência, os estudantes lá conseguiam aguentar as investidas locais e, aos 36’, aumentariam a vantagem, ainda que pouco fizessem para o justificar. Após um lançamento de linha lateral, Leandro travou Ni Plange, já dentro da grande área, num lance punido com castigo máximo que Rui Pedro, chamado a converter, não desperdiçou.

Pouco depois, Hugo Seco ganhou posição a Brandão, pela direita, mas perdeu no frente a frente com Diogo que, com uma boa intervenção, manteve o 0-2 com que se chegou ao intervalo.

Sem nada a perder, Ricardo Sousa arriscou e, para a segunda metade, lançou Bruno Almeida e Burgos, abdicando de Danilo e Brandão. E, à semelhança do que aconteceu em Viseu, a aposta dificilmente podia ser melhor. Com 49 minutos jogados, Bruno Almeida recebeu a bola na direita do ataque e, depois de conquistar espaço no meio, desferiu um potente remate, sem hipótese de defesa para Lee, devolvendo confiança à equipa, que mostrava argumentos para ombrear com a Académica.

No entanto, a alegria duraria pouco tempo. Três minutos depois, novamente com polémica à mistura, Rafael Lopes aproveitou uma grande confusão na área alvinegra e, já depois de um domínio com a mão de Rui Pedro – não assinalado por André Moreira –, voltou a colocar os homens de Coimbra com dois golos de vantagem.

Mesmo assim, a Sanjoanense continuava a mostrar muita vontade na procura de um golo que relançasse o jogo e, aos 56’, por pouco não o conseguiu quando Chapinha, servido por Ronan, rematou para defesa apertada de Lee, com as pernas.

Com desvantagem de dois golos e cada vez menos tempo para recuperar, a formação de São João da Madeira tinha pela frente uma missão muito difícil e pior ficou a cerca de 15 minutos do final do encontro, com a expulsão de Leandro, numa decisão algo exagerada de André Moreira, que considerou simulação uma queda do defesa na área contrária.

Apesar da dupla desvantagem – no marcador e no número de jogadores –, a Sanjoanense continuava a surpreender e – recorde-se –, perante uma equipa de escalão superior, continuava instalada no seu meio-campo de ataque, transmitindo uma bela imagem aos adeptos que puderam assistir ao encontro. Ainda assim, pecava em alguns momentos, principalmente nas transições rápidas do adversário, mais experiente e, naturalmente, difícil de controlar.

Burgos, aos 76’, ainda tentou devolver a esperança mas, depois de saltar mais alto que toda a defesa contrária, cabeceou ligeiramente ao lado, momentos antes da machadada final, consumada por Gonçalo Paciência que, com uma bela jogada individual e um forte remate, desfeiteou Diogo, dando contornos de goleada ao resultado.

Até final, os estudantes voltariam ainda a festejar, por intermédio de Marinho que, na cobrança de nova grande penalidade, desta feita cometida por Fabeta, fixou o resultado final, muito enganador e penoso para o trabalho demonstrado pela Sanjoanense.

Terminada a positiva campanha na Taça de Portugal, a formação de São João da Madeira volta a centrar atenções no Campeonato Nacional de Seniores e prepara já a receção ao Anadia, no próximo domingo.

AD Sanjoanense: Diogo Almeida, Leandro, Edgar (Ricardo Oliveira, 67′), Fabeta, Brandão (Burgos, 45′), Danilo (Bruno Almeida, 45′), Ruben Neves, Ruben Alves, Catarino, Chapinha, Ronan.