Jogo ingrato com resultado injusto e enganador

  • Sanjoanense foi fantástica em tudo aquilo que podia controlar mas voltou a não conseguir os três pontos, numa derrota que teve por base decisões (muito) polémicas.
  • Ao difícil contexto, juntou-se um jogo ingrato, com uma derrota bastante injusta.

A ida à Madeira resume-se numa única palavra: injustiça. Numa fase menos boa da temporada, a Sanjoanense deslocou-se ao Campo da Imaculada Conceição, onde defrontou a equipa C do Marítimo, num jogo que se esperava difícil.

Por isso, não foi de estranhar a boa entrada do Marítimo que, nos primeiros 20 minutos, obrigou a Sanjoanense a concentração extra na zona defensiva, de forma a travar as investidas da formação local que, perante os seus adeptos, procurava aumentar a distância e manter a competitividade no topo da tabela.

Apesar do pouco perigo criado, a formação insular ameaçou por duas vezes a baliza alvinegra mas Diogo, com duas excelentes intervenções, negou o golo a Kiko e, minutos mais tarde, a Elton que, isolado, viu o guarda-redes negar-lhe a vantagem.

Ainda assim, os comandados de Pêpa estavam decididos a inverter o ciclo menos bom que a equipa atravessa e, procurando impor o seu ritmo, conseguiram equilibrar a partida aos poucos, começando, também, a visar a baliza contrária.

A maior pressão dos homens de São João da Madeira começava a surtir efeito e, a cerca de cinco minutos do descanso, a Sanjoanense esteve por duas vezes perto da vantagem. Primeiro por Alex que, depois de bom envolvimento atacante, entrou na área, não tendo conseguido o remate nas melhores condições e, logo de seguida, por intermédio de Tiago que, depois de combinar com Vítor Silva, rematou um pouco por cima.

Bem disputado e com oportunidades de parte a parte, o jogo seguia equilibrado, até que, em cima do intervalo, surge o momento crucial da partida. Na sequência de um lançamento lateral em frente ao banco do Marítimo, Letz salta com um jogador contrário que, depois de um contacto normal com o médio, caiu a queixar-se de agressão. Cristiano Pires, árbitro designado para o encontro, demorou a reagir e, já depois de marcar falta, aguardou durante alguns instantes pela indicação do auxiliar mais próximo, tendo, de seguida, dado ordem direta de expulsão ao jogador alvinegro, numa decisão um pouco influenciada pela reacção abrupta dos membros adversários presentes no banco de suplentes.

Com dez jogadores à saída para o descanso, a Sanjoanense sabia que teria que lutar bastante durante toda a segunda parte para que conseguisse sair da Madeira com um resultado positivo.

E assim foi. Com 45 minutos de muito bom nível, mesmo com menos uma unidade, a formação alvinegra lutou e sofreu bastante e, em boa verdade, podia mesmo ter chegado à vantagem, tal era a acutilância e a objetividade na hora de visar a baliza contrária, quase sempre em contra-ataques bem organizados.

Tanto que as primeiras oportunidades da segunda parte pertenceram aos homens de São João da Madeira. Aos 50 minutos, Gian, na sequência de um canto cobrado por Bino, cabeceou ao segundo poste para defesa de Marco – num lance em que não fica claro se a bola entrou ou não – e, perto do minuto 70, Alex e Ruizinho combinaram de forma excelente mas o extremo, na cara de Marco e pressionado por um defesa contrário, não conseguiu dar o melhor seguimento à jogada, acabando por rematar à figura.

No entanto, e numa reacção já esperada, o Marítimo aproveitou o natural recuo alvinegro, subiu as linhas e aumentou a pressão, criando mais perigo junto da grande área da Sanjoanense que, à exceção de um fantástico remate de Dino à trave, ia conseguindo aguentar, de forma quase heróica.

Mas o balde de água fria estava reservado para os cinco minutos finais. Numa decisão inacreditável, Cristiano Pires transformou uma interceção limpa num lance de jogo perigoso e, na sequência do livre, a bola acabou por sobrar para a entrada da área, onde apareceu Belo que, com um forte remate, colocou os insulares em vantagem.

Naturalmente desapontados e cabisbaixos, os jogadores alvinegros desesperavam, numa altura em que faltavam cinco minutos e ainda alguma tinta para correr.

Expulso por acumulação de amarelos por tirar a camisola durante os festejos, Belo deixava as equipas em igualdade de jogadores e, na reposição de bola, Pardal aproveitou um cruzamento desde a esquerda para penetrar na área, tendo sido claramente puxado na altura do remate, numa altura em que seguia completamente isolado. Uma vez mais, Cristiano Pires nada viu e mandou seguir, para espanto geral.

Até final, nota apenas para duas fantásticas defesas de Diogo, que manteve, assim, a margem mínima no marcador.

Apesar da derrota e da tremenda injustiça, o destaque vai para o espírito demonstrado pelo grupo, sempre muito solidário e guerreiro, que nada pôde fazer para inverter uma situação que não lhe era favorável.

No próximo domingo, o futebol volta ao Conde Dias Garcia, com a receção ao Gouveia.

 

Declarações de Pêpa:

Pêpa, presumo que o estado de espírito que apresenta seja idêntico ao do resto do plantel. É justo dizer que é revoltante e frustrante perder desta forma?

Sem ser faccioso, ainda bem que estiveram aqui algumas pessoas, que viram tudo isto. Sinceramente, tenho poucas palavras para descrever o que acabou de acontecer. Resta-me dar força ao grupo, os jogadores foram brilhantes, foram fantásticos. Temos que dar a volta à situação.

Mas tenho o balneário a chorar… Os jogadores estão em lágrimas, estão revoltados e, mesmo assim, ninguém perdeu a cabeça. E era um jogo de perder a cabeça, por tudo o que aconteceu!

Mas, sinceramente, a quente, o que mais me ocorre falar é o estado de espírito do balneário…

 

Como é que se motiva e tenta elevar o balneário depois de tudo aquilo por que a Sanjoanense tem passado recentemente?

Com trabalho, organização e disciplina. Nós tínhamos colocado um ponto final em certos tipos de incidentes e assumimos a nossa quota-parte de culpa. Assumimos alguns erros entre o que aconteceu na semana passada. Agora, não nos queiram marcar ou catalogar de algo que não somos… É verdade que todos perdemos a cabeça na última semana mas não nos queiram catalogar e forçar o que quer que seja. Uma coisa é termos um jogador agressivo, outra é termos um jogador agressor, são coisas completamente diferentes…

 

A Sanjoanense teve que aguentar a pressão inicial do Marítimo, que procurava um bom resultado em casa, mas acabou por equilibrar a partida durante toda a primeira parte. Depois, a expulsão do Letz acabou por condicionar o trabalho da equipa. Sente que sem a expulsão a Sanjoanense podia ter saído da Madeira com um resultado positivo?

Sim, não tenho dúvidas. Concordo que, nos primeiros 15 minutos, o Marítimo teve mais bola, mas sem criar grande perigo. Tivemos que ajustar a situação do ponta-de-lança adversário, que estava a receber muitas bola entre linhas e o nosso central não estava a encostar, o que estava a criar algum perigo. Corrigimos, melhorámos e, entretanto, o Marítimo teve uma boa oportunidade, quando o Elton se isolou no corredor esquerdo mas não conseguiu finalizar bem, com boa defesa do Diogo. Mas em termos de oportunidades, para o Marítimo, pouco mais há a acrescentar.

Nós tivemos vários lances de golo… Uma do Alex que, depois de entrar na área, não consegue finalizar; um lance em que o Tiago faz uma diagonal, combina com o Vítor [Silva] e o remate sai um pouco desviado; uma grande penalidade sobre o Alexandre que é transformada num livre; na segunda parte, um remate do Alex, na cara do guarda-redes, que não deu golo; um cabeceamento no segundo poste que me dizem – mas, lá está, não posso julgar porque não sou faccioso – que pode ter entrado… Foram tantas situações… Lutámos, mesmo com menos um, e se tivéssemos os onze em campo tínhamos criado ainda mais problemas.

 

Acredita que bastava um desses lances ter dado golo para que a Sanjoanense não perdesse os três pontos?

Sim, sim. Mesmo com dez, tivemos que nos organizar, tivemos que baixar um bocado, mas procurámos sempre ganhar. Prova disso são todos aqueles lances… O cabeceamento do Gian, o Alex isolado, o lance em que o Pardal ainda tentou finalizar mas em que está a ser puxado de forma clara… Sinceramente, não sei o que posso dizer mais sobre isto.

 

Numa palavra, como define o passado recente da Sanjoanense?

Tudo. Tem-nos acontecido tudo. Eu não gosto de catalogar titulares e suplentes, mas a verdade é que a certa altura do campeonato tínhamos um onze e, agora, o João Pinto lesionou-se, o Ricardo Tavares lesionou-se, perdemos três jogadores recentemente – o Mário, o Muxa e o Stefan… Obviamente que fazem muita falta e não é fácil reorganizar e voltar a criar todas as rotinas normais.

Agora, independentemente de tudo isso, continuo a ver uma equipa que não é inferior a qualquer outra. Hoje [domingo] voltou a ficar provado. Entrámos bem, apesar de o Marítimo ter tido mais bola no primeiro quarto de hora, mas equilibrámos e estávamos por cima. Depois, aconteceu isto…

O que é que vou dizer mais? Não posso falar de situações que não dominamos… Fomos extremamente competentes, agora o resto…

 

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